Porque o comportamento cristão contemporâneo está dissociado do seu modelo primitivo, que é o caráter de Cristo, e associado a um código moral e social humanista?
“Hoje, mais do que em qualquer outra geração, a sociedade moderna não aceita os absolutos éticos. Ela vive sem freios, com as rédeas soltas, sem linhas divisórias entre o certo e o errado. O que predomina não é a verdade, mas a satisfação imediata dos desejos pervertidos. Essa sociedade hedonista, amante do prazer, a cada dia está se desfazendo moralmente. A fidelidade conjugal, para muitas pessoas, é um costume arcaico, sem nenhuma procedência nesta era chamada pós-moderna e pós-cristã. A virgindade e a castidade da juventude parecem coisas vergonhosas. A rebeldia dos filhos contra os pais, e a forma irrefletida e até irresponsável, como muitos pais vivem são uma realidade desastrosa e lamentável em nossos dias. Nossa geração anda muito ocupada com muitas coisas. Vivemos numa sociedade mercantilista, materialista, consumista e competitiva. Muitas pessoas correm de manhã à noite, sobrecarregadas com muitos afazeres. Lutam de sol a sol para ganhar dinheiro e dar um pouco mais de conforto à família. Todavia, muitos nesta labuta acabam invertendo os valores. Começam a sacrificar tudo por amor ao dinheiro e aos prazeres.” [1]
“Se é verdade que a verdade da fé cristã ultrapassa as capacidades da razão humana, nem por isso os princípios inatos naturalmente à razão podem estar em contradição com esta verdade sobrenatural. É um fato que esses princípios naturalmente inatos à razão humana são absolutamente verdadeiros; são tão verdadeiros, que chega a ser impossível pensar que possam ser falsos. Tampouco, é permitido considerar falso aquilo que cremos pela fé, e que Deus confirmou de maneira tão evidente. Já que só o falso constitui o contrário do verdadeiro, como se conclui claramente da definição dos dois conceitos, é impossível que a verdade da fé seja contrária aos princípios que a razão humana conhece em virtude das suas forças naturais.
“(…) Deus não pode infundir no homem opiniões ou uma fé que vão contra os dados do conhecimento adquirido pela razão natural. É isto que faz o apóstolo, São Paulo escrever, na Epístola aos Romanos: “A palavra está bem perto de ti, em teu coração e em teus lábios, ouve: a palavra da fé, que nós pregamos” (Romanos, capítulo 10, versículo 8). Todavia, já que a palavra de Deus ultrapassa o entendimento, alguns, acreditam que ela esteja em contradição com ele. Isto não pode ocorrer. Também a autoridade de Santo Agostinho o confirma. No segundo livro da obra Sobre o Gênese comentado ao pé da letra, o Santo afirma o seguinte: “Aquilo que a verdade descobrir não pode contrariar aos livros sagrados, quer do Antigo quer do Novo Testamento”.
Do exposto se infere o seguinte: quaisquer que sejam os argumentos que se aleguem contra a fé cristã, não procedem retamente dos primeiros princípios inatos à natureza e conhecidos por si mesmos. Por conseguinte, não possuem valor demonstrativo, não passando de razões de probabilidade ou sofismáticas. E não é difícil refutá-los.” [2]
Ao critério da fé e da revelação, o homem moderno opõe o poder exclusivo da razão de discernir, distinguir e comparar, e ao dogmatismo opõe a possibilidade da dúvida, o que acaba desenvolvendo uma mentalidade crítica que questiona tudo, desde a autoridade da Igreja até o senso comum, filosófico e científico. Assume uma atitude polêmica porque só a razão é capaz de conhecer. Esta é a raiz do pensamento moderno. Mas esta atitude, de separar totalmente a fé da razão, leva rapidamente os homens ao ceticismo, fazendo com que se observe muito, considere muito e acabe por concluir, erradamente, que a verdade plena e o conhecimento objetivo, são impossíveis de serem alcançados. E além disso:
“Há uma tendência em certos meios de não somente procurar diminuir o valor de ensinos doutrinários como também de dispensá-los completamente como sendo desnecessários e inúteis. Porém, enquanto os homens cogitam sobre os problemas da sua existência, sentirão a necessidade de uma opinião final e sistemática sobre esses problemas. A doutrina sempre será necessária enquanto os homens perguntarem: “de onde eu vim”, “quem sou eu” e “para onde vou”? [3]
Ao rejeitar a idéia de que só o conhecimento objetivo possa constituir o único valor, o homem de fé acaba por desconsiderar o mundo visível da experiência humana como o mundo dos valores supremos. Este reconhece que acima deste mundo fenomenal está a realidade espiritual do Reino de Deus, e quase sempre esta realidade passa despercebida dos nossos sentidos físicos. O que torna o exemplo de Cristo na sua encarnação de suma importância para nossa definição doutrinária e conseqüente experiência cristã. Não podemos esquecer também que a revelação bíblica é para este tempo e este mundo, para todos nós; um baluarte contra o erro (Mt. 22.29; Gl. 1.6-9; 2Tm. 4.2-4) mas deve ser aceita por fé.
[1]- Revista Educação Cristã, volume III, tema: pastoreando a família, fevereiro de 2001, Lição 08, Imprensa da Fé, São Paulo.
[2]- Santo Tomás de Aquino, Súmula contra os gentios, in Col. Os Pensadores, São Paulo, Abril Cultural, 1973, pag. 70.
[3]- Myer Pearlman, Conhecendo as Doutrinas da Bíblia, pag. 13, Ed. Vida, São Paulo, 2003.
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