O “erro” de todo mundo precisa de um amigo.

Você sabe qual o sonho que você tem e onde você está tentando chegar, a missão é simples, mas toda vez que você pensa que chegou, um alçapão se abre ou algo escorrega de suas mãos ou você está um pouco atrasado para pegar o metrô ou é a bateria do celular acabando, não é? Parece que a execução do seu plano não é tão simples porque em algum lugar agora, algo adoravelmente frustrante está acontecendo e antes que você perceba, cinco passos se tornaram mais de dez passos. Todas as vezes que isso acontece nós percebemos a nossa pequenez e nulidade diante da vastidão do mundo. Perceber que não temos todas as respostas e ferramentas adequadas é o que nos obrigará a sair da caverna em busca delas. E por sair dela, crescemos, amadurecemos e encontramos as respostas.

Yesterday and days before

Sun is cold and rain is hard

I know, been that way for all my time

‘Til forever on it goes

Through the circle, fast and slow

I know, it can’t stop, I wonder*

Talvez por isso precisamos tanto de amigos.

Nós sabemos que a nossa existência tem um propósito. Muitas pessoas perguntam: Estamos todos perdidos ou já nos encontramos? Será esta a dúvida que substituirá “quem sou eu e para onde vamos?” Bem, ainda seguimos seguindo as errantes estrelas ou como diz o sábio Haruki Murakami: “Aquele que ama procura a parte que falta de si mesmo”.

Essa dúvida creio que enquanto vivos não somos capazes de responder sozinhos. Ou pelo menos nesse momento que o mundo está ainda não temos mentalidade suficiente para responder. Mas será que não temos algo deixado para nós ou alguém iluminado que tenha nos ensinado alguma coisa? Porquê amar a Deus é buscar uma parte que nos falta porquê somos feitos por Ele. Sim do pó das estrelas (Por que brilharemos como estrelas logo… somos agora o pó delas). Mas ainda temos que descobrir quais respostas são certas e adequadas. Falta descobrir onde você encaixará sua vida para fazer valer sua existência enquanto não transcende. Apóstolo Paulo diz que precisamos viver de maneira tal que a nossa fé permaneça firme no fim de tudo, produzindo a alegria de uma carreira cumprida.

De alguma maneira se você é cristão como eu perceberá que a graça divina nos encontra através de caminhos improváveis. Um desses caminhos é a amizade. Imagine que alguém aparece com uma caixa de papelão cheia de desventurados objetos na sua porta, coisas de jovens, os dois tornam-se amigos rapidamente, enquanto brincam em parques e testam todo tipo de ideias, e crescendo juntos comemoram todas as coisas extraordinárias que podem fazer e que seres erráticos típicos não conseguem. Não conseguem porque o erro mais comum da maioria das pessoas é achar que precisam abrir mão da sua liberdade para viver no mundo de alguém, obrigando-se a estar em um constante diminuir para caber, e não admitir que todos têm partes boas a serem juntadas e ruins a serem corrigidas ou eliminadas. E que a regra máxima deveria ser sempre: duas coisas boas juntas ainda que pequenas nunca darão errado. O todo só existe por causa de suas partes menores não é mesmo?

E quando aparecer a dúvida: Será que preciso expandir meu círculo de amigos e sair da segurança do pseudo anonimato auto imposto para experimentar um pouco de alegria e até mesmo um “encaixe” duradouro? Se ainda somos necessários uns aos outros para sermos melhores então sim, amigos serão bem-vindos.

Claro que viver o máximo possível uma relação de amizade ou proximidade afetiva com alguém além do seu vizinho mais próximo é estar disposto a quebrar pequenas convenções particulares, receber lições de gramática não solicitadas e visitas em horários impróprios. E depois de algum tempo você começará a perceber que apesar de não poder fugir dos chatos, pode andar de skate ou patinete. E pode não conseguir um casaco de lã, mas pode servir uma xícara de café. Não pode deixar suas marcas em todos os lugares, mas sabe como explodir uma bolha de chiclete. E de cabeça para baixo! E o melhor disso tudo passar a ter um tremendo orgulho da singularidade de seus novos amigos e ter no final uma mensagem duradoura e tão satisfatória como: encaixar é muito entediante? Mas você pode amar isso se entender a diferença entre “O que você está fazendo?” e “Descreva suas ações” (Um está inquirindo, o outro exigindo).

Outra coisa, se “Homem nenhum é de fato bom, enquanto não souber quão mal é, ou poderia ser” como diz G. K. Chesterton, fica clara a nossa necessidade da ajuda de alguém? Eu acredito que o erro de todo mundo é achar ou exigir do outro que ele tenha somente coisas boas para dar, que seja o nosso amigo de brinquedo, forçando um encaixe sem respeitar suas particularidades. Todos nós possuímos algo-fora-dos-padrões que pode nos levar para fora do lugar comum insípido. A vida está cheia de exemplos bons mostrando que a alegria nem sempre é estar perfeitamente encaixados. Em nosso círculo de pessoas mais próximas sempre tem alguém como nosso pai, alguém com cabeça de esfregão, alguém que é parecido com um gato desgrenhado e preguiçoso; aqueles que se alongam de manhã cedo e cochilam à tarde; aqueles que têm medo de altura e não são exatamente os membros mais arrumados da turma. Se olhar para si verá alguma aresta também. Se olharmos bem somos todos tão parecidos com todos e no fim de tudo compartilhamos apenas a afeição comum por gente que de outra maneira não precisaríamos de proximidade ou interação nenhuma. Por isso mesmo devemos fugir daqueles “críticos” que nos fazem sentir mal pelo que você gosta ao invés de comentarem sobre o que acreditam ser bom e positivo.

Todos nós já ouvimos isso antes: viva com seu animal de estimação por tempo suficiente e você começará a se assemelhar a ele, talvez até esfregue o “focinho” um no outro. Por causa deste princípio, escolha e permanência dedicada, o padrão moderno para família mudou e a define de muitas maneiras além do sangue e da semelhança física, uma delas é quando você passa bastante tempo com alguém, compartilha uma casa, refeições e os momentos mais mundanos da vida cotidiana. Uma definição tão boa quanto qualquer outra é ser resiliente e permanecer fiel àqueles que contam com você. Em outras palavras, eles parecem exatamente como você quer que eles pareçam, todos mantêm suas diferenças e como a maioria dos amigos funciona assim: Um é velho e sábio, outro é jovem e tem olhos arregalados. Um é paciente e calmo, outro é excitável e indisciplinado. Um vê o quadro geral, outro tem dificuldade em ver além do que está bem na frente dele, como quando encontram um cão bravo ou gente brincalhona e barulhentas em uma festa. É nas aventuras entre amigos que podemos observar a dinâmica afetuosa entre eles enquanto caminham pela vida afora, onde consolam-se durante as tempestades e encontrando um desafio decidem encarar juntos. E se um não fica impressionado ao ver um esquilo correndo pelas folhas, o outro não pode acreditar em o quanto é bom que o mundo tenha esquilos nele. Fica aqui um bom lembrete de que uma das vantagens mais importantes de ter um amigo diferente é que você consegue ver o mundo através de um conjunto completamente diferente de olhos. E com isso verificar se alguns defeitos, mesmo pequenas deficiências físicas, podem conter uma certa beleza, como aquela técnica japonesa, conhecida como Kintsugi, onde reparam objetos quebrados preenchendo suas rachaduras com ouro ou prata. Em uma amizade verdadeira em vez de esconder as falhas elas são acentuadas e celebradas, pois são a prova da imperfeição da própria vida (Assim aprendemos mais uma lição: Às vezes a maneira mais fácil de fazer alguma coisa é a mais óbvia).

* https://www.letras.mus.br/creedence-clearwater-revival/70219/traducao.html

Sobre lucaspinduca

I'm part cultural voyeur mixed with a splash of aspiring behavioral scientist and wannabe motivational Christian speaker.
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