Nós precisamos ter a visão de Deus. Temos de nos enxergar como pessoas preciosas ao Senhor. Contudo, para que passemos a nos ver como Deus nos vê, é necessário que tomemos algumas atitudes.
Despertar do Sono do Autodesprezo
“E digo isto a vós outros que conheceis o tempo: já é hora de vos despertardes do sono…” (Romanos 13.11.)
Será que realmente tem importância aquilo que pensamos de nós mesmos? Sim, tem. Se pensamos que somos lixo, nossa tendência será agir como lixo.
Algumas pessoas não conseguem ter amigos, porque estão convencidas de que não têm nada a oferecer-lhes.
Enquanto acharmos que não prestamos para nada, enquanto estivermos preocupados com o que os outros pensam de nós, teremos muita dificuldade em amar o nosso próximo e até mesmo a Deus.
Quando ficamos no quarto, nos lamentando, com pena de nós mesmos, nos aproximamos do nível perigoso de achar que não temos valor nenhum.
Mas não somos “um joão-ninguém”, sem lugar no mundo. Deus nos criou e fez de nós, em algum lugar, um ser muito precioso.
Crer que Somos a Menina dos Olhos de Deus
Davi nos deixou uma importante lição no versículo 8 do Salmo 17. Ele se expôs aos olhos de Deus. O salmista desejava ser visto como realmente era. Depois disso estava pronto para ver Deus face a face. Davi orou:
“Guarda-me como a menina dos olhos, esconde-me à sombra das tuas asas.”
A expressão menina dos olhos é muitas vezes usada nas Escrituras. No hebraico, significa “o homenzinho dos olhos” ou “a filha dos olhos”.
Uma interpretação para essa expressão tem como base o que vemos quando olhamos bem de perto nos olhos de alguém. Vemos a nossa própria imagem. Se estamos bem perto da pessoa, vemos o nosso próprio reflexo. Se aplicarmos esse fato ao nosso relacionamento íntimo com Deus, o significado é que ele está olhando para nós. Então entendemos que somos o centro da atenção divina e que podemos ver a nós mesmos como somos quando virmos a nós mesmos através dos olhos de Deus.
Outra interpretação de “menina dos olhos” é que Deus nos ama e nos dá tanto valor como o damos à nossa própria vista. Nesse caso, a menina dos olhos é a pupila.
Charles Spurgeon faz o seguinte comentário sobre essa expressão:
“Parte alguma do corpo é mais preciosa, mais delicada e mais cuidadosamente guardada do que os olhos; e a parte dos olhos que deve ser guardada com maior cuidado é a central, a pupila, ou a ‘menina dos olhos’.
“O sábio Criador colocou os olhos num lugar bem protegido; estão cercados por ossos que se projetam como os montes ao redor de Jerusalém.
“Além disso, seu grande Autor os circundou com muitas túnicas interiores, além do cercado que são as sobrancelhas, a cortina que são as pestanas e a cerca que são as pálpebras; além disso tudo, ele deu aos homens um valor tão grande para com seus olhos e uma apreensão de perigo tão instantânea, que parte alguma do corpo é mais fielmente cuidada do que o órgão da visão.”
Assim como damos valor às pupilas e ao maravilhoso dom da visão, da mesma forma o Senhor cuida de cada um de nós.
O Senhor nos vê, nos conhece, cuida de nós e jamais nos abandonará. Seu amor ilimitado cura as nossas mágoas. Quando percebemos que somos a menina dos olhos de Deus, sentimos a divina graça que é infinita.
Vemos o nosso reflexo em seus olhos não como a pessoa que temos sido, mas como o milagre que podemos vir a ser.
Endireitar Nossos Conceitos Teológicos Errados
Temos de permitir que Deus e sua Palavra consertem nossas falsas ideias. É impossível uma pessoa viver de maneira certa, se seus conceitos são errados. Não podemos praticar a verdade, quando acreditamos num erro.
É falso o conceito de que Deus se agrada de uma atitude de auto depreciação, que ela é parte da humildade cristã e necessária à nossa santificação e desenvolvimento espiritual.
A verdade, porém, é que a auto depreciação não é a verdadeira humildade cristã. Essa atitude acha-se em oposição a alguns dos ensinamentos básicos da fé cristã.
O maior mandamento é que amemos a Deus com todo o nosso ser. O segundo é que amemos ao nosso próximo como a nós mesmos. Não temos aqui dois, mas três mandamentos: amar a Deus, amar a nós mesmos e amar aos outros.
Se você amar a Deus, a si mesmo e aos outros estará cumprindo toda a lei de Deus (Mateus 5.43-48). Esse é o eterno princípio do triângulo – um amor correto para com Deus, por nós mesmos e por outras pessoas.
A pessoa que possui uma imagem própria baseada no que Deus diz, é mais saudável, em todos os sentidos, do que aquelas que têm uma imagem própria negativa. Foi assim que Deus nos criou, e se agirmos de modo contrário, não apenas estaremos seguindo um conceito teológico errado, como também correremos o risco de ser destruídos.
“Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um.” (Romanos 12.3.)
Pensando com moderação, não iremos nem nos subestimar nem nos superestimar. É Satanás quem nos confunde e nos cega nessas questões, pois nos faz acusações:
– Olhe aí, você está ficando muito orgulhoso…
Contudo a verdade é justamente o contrário. A pessoa que tem uma imagem própria negativa está sempre tentando se mostrar. Ela tem de provar que está certa, em todas as situações, tem de mostrar seu valor. E geralmente fica tão envolvida em si mesma, que se esquece do Senhor.
Ninguém pode amar os outros incondicionalmente, quando precisa ficar o tempo todo tentando provar seu valor próprio.
A autonegação não tem nada a ver com a humildade cristã, nem com a santidade. A crucificação do eu e a entrega pessoal a Deus não exigem uma autoimagem inferior, que é diferente do que o Senhor pensa de nós.
“Visto que foste precioso aos meus olhos, digno de honra, e eu te amei, darei homens por ti e os povos, pela tua vida.” (Isaías 43.4.)
Entender que Nosso Senso de Valor Próprio Deve Vir de Deus
Temos de formar nosso senso de valor próprio a partir do que Deus diz, e não dos falsos reflexos que vêm das outras pessoas, do diabo e, até mesmo, do nosso passado.
Temos de fazer uma escolha que definirá a nossa vida: vamos dar ouvidos a Satanás e a todas as mentiras que ele nos diz, às distorções e às mágoas do passado que nos mantêm aprisionados por certos sentimentos e conceitos acerca de nós mesmos, que não são cristãos nem saudáveis? Ou buscaremos nosso senso de valor próprio em Deus e em sua Palavra? Não temos o direito de menosprezar ou depreciar uma pessoa (nós) a quem:
• Deus ama tanto.
Não devemos nos dizer: “Bom, sei que Deus me ama, mas não gosto de mim mesmo.” Isso é um insulto a Deus e ao seu ilimitado amor. Quando desprezamos um ser que é criação de Deus, estamos, na verdade, dizendo que não gostamos da “criatura” e não apreciamos muito o “Criador”. Na verdade, não estamos vendo o quanto Deus nos ama e o quanto significamos para ele.
• Deus honrou tanto.
“Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus…” (1 João 3.1.)
Quando nos consideramos desprezíveis e sem valor, sendo filhos de Deus, essa falsa humildade fere o coração do Senhor.
• Deus dá tanto valor.
Dificilmente, alguém morreria por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém se anime a morrer.
“Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo Fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.” (Romanos 5.7,8.)
Deus deixou bem claro o valor que temos para ele. Ele nos atribui um valor tão elevado, que entregou a vida de seu Filho para nos salvar.
De onde tiraremos a base para formar nossa imagem própria? Das distorções de nossa infância? Das mágoas do passado e das falsas ideais que foram colocadas em você? Ou será que preferiremos dizer:
“Não, não darei mais ouvidos a essas mentiras do passado. Não escutarei o que Satanás diz, já que ele é o acusador, e me envia mensagens confusas e falsas. O diabo nos cega e quer distorcer tudo. Vou escutar a opinião que Deus tem de mim, vou deixar que ele me programe, até que o bom conceito que ele tem de mim passe a ser o meu, atingindo até o mais íntimo dos meus sentimentos.”
Permitamos que Deus nos ame, e deixemos que ele nos ensine a nos amar a nós mesmos, e a amar aos outros. Desejamos ser amados. Queremos que Deus nos dê segurança, que nos aceite. E, aleluia, ele faz isso. Contudo, por causa da programação nociva que recebemos de outras fontes, temos dificuldade em aceitar esse amor. Aliás, isso é tão difícil, que talvez prefiramos continuar a ser como éramos.
Querido, eu o desafio neste momento a iniciar esse processo de restauração, para que possa erguer bem alto sua cabeça, como filho ou filha de Deus.
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