Dias mais tranquilos chegarão em breve?

Aceite que os dias sombrios fazem parte da vida cotidiana e até divirta-se com eles.


Nesta época do ano, as pessoas estão celebrando mais do que a tradição cristã e a continuação da vida: celebram a saída de casa. Por que apesar da pandemia ainda estar lá fora, a vida continua em busca de uma normalidade perdida,  e as modificações surgidas, principalmente aquelas que têm a ver com o nosso dia a dia, são verdadeiramente avassaladoras. Então, parece ser este o motivo da vida ao ar livre ter virado o centro das atenções: poder estar novamente nas ruas, praças, bares, na praia ou o campo. Acredito que estamos muito obcecados em absorver e refletir a luz do dia, seus tons alaranjados… E ficamos felizes de uma vez mais termos a oportunidade de fotografar, caminhar e contemplar o “novo normal” juntos, após estes dias turbulentos, e começar a caminhar para o que alguns chamam de normalidade. Todos estão perguntando: Dias mais tranquilos chegarão em breve? Mesmo não vivendo mais aqueles tempos pré pandemia, buscamos ser pessoas mais maduras e desenvolver coisas novas dentro de nossas limitações e possibilidades. Mas o que estamos precisando, urgentemente, é de reabilitação e desenvolvimento, estamos precisando de envolvimento humano profundo. Tratar o homem integral, com sua história. Porque olhando em volta percebo que continuamos frios em relação ao outro, com a mesma obsessão pelo “apêndice celular”, pois esse foi ou é o ponto de fuga de todos durante o ano todo, o que não minimiza o fato de o homem de hoje como o homem de há dois mil anos atrás, o homem de sempre, debater-se com o seu sentido e propósito, com a sua identidade, com a sua origem e com o seu futuro.

O que tinha que acontecer acontece: nessa sociedade já defeituosa, a maravilha tecnológica cai nas mãos erradas ou inaptas. O progresso poético-tecnológico que salvaria a humanidade de sua mediocridade mecânica apenas automatiza mais seu progresso material comum em detrimento do seu aprimoramento espiritual  e intelectual. E mesmo assim, a quantidade de mal que o homem comete contra o homem é incalculável. leia as palavras que o Novo Testamento usa para descrever os tipos de pecados que os humanos cometem contra os humanos: malícia, inveja, assassinato, contenda, engano, fofoca, calúnia, arrogância, insolência, vanglória, inventores do mal, desobediente aos pais, sem coração , implacável, odiado pelos outros e odiando uns aos outros (Romanos 1: 29–32; Tito 3: 3).

Se você deixar seus olhos percorrerem esta lista de pecados, perguntando, a cada palavra, qual seria seu efeito em nossas atitudes para com os outros, você não se surpreenderá com isso. Se somos “maliciosos”, quanto mais com aqueles que são diferentes de nós. Se “assassinamos”, quanto mais aqueles que são diferentes. Se “enganamos”, quanto mais o estranho. Se “caluniarmos”, será muito mais fácil caluniar aqueles que são diferentes. Se formos “arrogantes e insolentes”, será mais fácil nos exaltarmos sobre aqueles “outros” que consideramos inferiores. Se “odiamos”, quem melhor para odiar do que aqueles que não gostam de nós. (A Bíblia usa uma palavra principal para resumir tudo isto: “hostilidade”, Efésios 2:14).

O cristianismo conta com dois mil anos de existência. Despontou num contexto cultural, social, político e econômico totalmente diverso do nosso. Por causa disso muitas pessoas desacreditam da atualidade do cristianismo face às novas realidades. Esquecem-se ou ignoram que o ensino cristão (os Evangelhos) não se dirige ao que no homem e na sociedade é efêmero e passageiro, ao que é acessório, transitório e acidental; mas ao que é essencial e, portanto, que permanece. É por causa de basearmos a nossa existência em superficialidades e individualismo, que o homem moderno ainda interroga-se acerca da sua presença no universo e sobre a possibilidade de relacionar-se com o que o transcende. E não importa onde a tecnologia e a ciência os possam levar,  sempre dentro do homem existirá o anseio de unir-se a algo maior e melhor, que é o objetivo de sua busca pelo divino. Sobre isso Moltmann diz: o que torna o futuro do homem tão promissor não é a ideia moderna de progresso ascendente e evolutivo inerente ao homem, mas, simplesmente, a morte e ressurreição de Cristo. Não importa se a ressurreição é verificável como um evento histórico; que “algo” aconteceu para dar aos primeiros cristãos sua imensa esperança é evidência suficiente já que continua até hoje movendo multidões sob sua influência. Além disso, argumenta Moltmann, embora a Ressurreição possa ser “o sinal da esperança futura”, a própria cruz, por meio do sacrifício de Cristo, significa “esperança para os desesperados”.  Por causa da época acrescento ainda que o nascimento de Cristo, sem o qual não teríamos um sacrifício ou a possibilidade de ressureição, é o maior e mais promissor indício da possibilidade de “paz na terra aos homens de boa vontade” desde o advento até hoje, ou seja, se queremos dias mais tranquilos, aconchegantes apesar dos pesares, precisaremos evoluir muito como seres humanos, no campo do comportamento e da moralidade.

Sobre lucaspinduca

I'm part cultural voyeur mixed with a splash of aspiring behavioral scientist and wannabe motivational Christian speaker.
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