TRÊS PALAVRAS IMPORTANTES PARA O NOVO ANO.

Pr Eber Jamil's Weblog

ano novo

Estamos no início de um novo ano creio que três palavras são importantes nesta ocasião: REFLEXÃO, GRATIDÃO E ESPERANÇA.

A REFLEXÃO é importante porque final de ano é tempo de retrospectiva, de balanço, para avaliarmos como foi o nosso ano. Precisamos ponderar sobre os nossos erros e acertos para planejarmos as nossas ações para o ano que se inicia.

A GRATIDÃO é fundamental. Ser grato pela vida, por mais um ano que Deus concedeu, e mesmo que tenhamos atravessado tempos difíceis a gratidão é sinal de cura, de que apesar das lutas o nosso coração não foi azedado.

A ESPERANÇA é algo que sempre deve nos mover para frente. Teremos, se Deus quiser, mais um ano pela frente. Portanto, a esperança será uma mola propulsora para avançarmos e conquistarmos os propósitos de Deus para nossas vidas.

Minha oração é que nesta virada de ano não te falte REFLEXÃO, GRATIDÃO E…

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Dias mais tranquilos chegarão em breve?

Aceite que os dias sombrios fazem parte da vida cotidiana e até divirta-se com eles.


Nesta época do ano, as pessoas estão celebrando mais do que a tradição cristã e a continuação da vida: celebram a saída de casa. Por que apesar da pandemia ainda estar lá fora, a vida continua em busca de uma normalidade perdida,  e as modificações surgidas, principalmente aquelas que têm a ver com o nosso dia a dia, são verdadeiramente avassaladoras. Então, parece ser este o motivo da vida ao ar livre ter virado o centro das atenções: poder estar novamente nas ruas, praças, bares, na praia ou o campo. Acredito que estamos muito obcecados em absorver e refletir a luz do dia, seus tons alaranjados… E ficamos felizes de uma vez mais termos a oportunidade de fotografar, caminhar e contemplar o “novo normal” juntos, após estes dias turbulentos, e começar a caminhar para o que alguns chamam de normalidade. Todos estão perguntando: Dias mais tranquilos chegarão em breve? Mesmo não vivendo mais aqueles tempos pré pandemia, buscamos ser pessoas mais maduras e desenvolver coisas novas dentro de nossas limitações e possibilidades. Mas o que estamos precisando, urgentemente, é de reabilitação e desenvolvimento, estamos precisando de envolvimento humano profundo. Tratar o homem integral, com sua história. Porque olhando em volta percebo que continuamos frios em relação ao outro, com a mesma obsessão pelo “apêndice celular”, pois esse foi ou é o ponto de fuga de todos durante o ano todo, o que não minimiza o fato de o homem de hoje como o homem de há dois mil anos atrás, o homem de sempre, debater-se com o seu sentido e propósito, com a sua identidade, com a sua origem e com o seu futuro.

O que tinha que acontecer acontece: nessa sociedade já defeituosa, a maravilha tecnológica cai nas mãos erradas ou inaptas. O progresso poético-tecnológico que salvaria a humanidade de sua mediocridade mecânica apenas automatiza mais seu progresso material comum em detrimento do seu aprimoramento espiritual  e intelectual. E mesmo assim, a quantidade de mal que o homem comete contra o homem é incalculável. leia as palavras que o Novo Testamento usa para descrever os tipos de pecados que os humanos cometem contra os humanos: malícia, inveja, assassinato, contenda, engano, fofoca, calúnia, arrogância, insolência, vanglória, inventores do mal, desobediente aos pais, sem coração , implacável, odiado pelos outros e odiando uns aos outros (Romanos 1: 29–32; Tito 3: 3).

Se você deixar seus olhos percorrerem esta lista de pecados, perguntando, a cada palavra, qual seria seu efeito em nossas atitudes para com os outros, você não se surpreenderá com isso. Se somos “maliciosos”, quanto mais com aqueles que são diferentes de nós. Se “assassinamos”, quanto mais aqueles que são diferentes. Se “enganamos”, quanto mais o estranho. Se “caluniarmos”, será muito mais fácil caluniar aqueles que são diferentes. Se formos “arrogantes e insolentes”, será mais fácil nos exaltarmos sobre aqueles “outros” que consideramos inferiores. Se “odiamos”, quem melhor para odiar do que aqueles que não gostam de nós. (A Bíblia usa uma palavra principal para resumir tudo isto: “hostilidade”, Efésios 2:14).

O cristianismo conta com dois mil anos de existência. Despontou num contexto cultural, social, político e econômico totalmente diverso do nosso. Por causa disso muitas pessoas desacreditam da atualidade do cristianismo face às novas realidades. Esquecem-se ou ignoram que o ensino cristão (os Evangelhos) não se dirige ao que no homem e na sociedade é efêmero e passageiro, ao que é acessório, transitório e acidental; mas ao que é essencial e, portanto, que permanece. É por causa de basearmos a nossa existência em superficialidades e individualismo, que o homem moderno ainda interroga-se acerca da sua presença no universo e sobre a possibilidade de relacionar-se com o que o transcende. E não importa onde a tecnologia e a ciência os possam levar,  sempre dentro do homem existirá o anseio de unir-se a algo maior e melhor, que é o objetivo de sua busca pelo divino. Sobre isso Moltmann diz: o que torna o futuro do homem tão promissor não é a ideia moderna de progresso ascendente e evolutivo inerente ao homem, mas, simplesmente, a morte e ressurreição de Cristo. Não importa se a ressurreição é verificável como um evento histórico; que “algo” aconteceu para dar aos primeiros cristãos sua imensa esperança é evidência suficiente já que continua até hoje movendo multidões sob sua influência. Além disso, argumenta Moltmann, embora a Ressurreição possa ser “o sinal da esperança futura”, a própria cruz, por meio do sacrifício de Cristo, significa “esperança para os desesperados”.  Por causa da época acrescento ainda que o nascimento de Cristo, sem o qual não teríamos um sacrifício ou a possibilidade de ressureição, é o maior e mais promissor indício da possibilidade de “paz na terra aos homens de boa vontade” desde o advento até hoje, ou seja, se queremos dias mais tranquilos, aconchegantes apesar dos pesares, precisaremos evoluir muito como seres humanos, no campo do comportamento e da moralidade.

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Devocionais para não devotos XXVI

Nós nos tornamos aquilo que pensamos. Repetidamente temos lido e ouvido sobre isso. Entretanto, de um momento para outro, certos espaços passaram a nos ser vedados; certos comportamentos impedidos, isto nos obrigou a fazer uma reorganização de nossa mente, pois é mais fácil reformular toda a nossa vida, adaptando-se, do que enfrentar a mudança exterior, examinando-a, ou, pelo menos, tentar entender porque ela aconteceu. E mesmo os mais novos desdobramentos do pensamento humano ainda carregam consigo questões que já se tornaram clássicas. No auge de nossa era, chamada por alguns de pós-moderna, hipermoderna, líquida ou, simplesmente, de modernidade tardia, ainda nos deparamos com esforços intelectuais que procuram dar cabo da velha discussão sobre teoria versus prática. Ao que parece, a sedutora representação dicotômica da forma de vida humana, partida em âmbitos práticos e teóricos, não foi exorcizada do imaginário cultural do Ocidente. Esta forma de pensar nos faz esquecer de uma coisa muito importante: aquilo que fazemos na vida ecoa para a eternidade.

A situação de violência, morte, injustiça e corrupção em nossa época mostra claramente que o reino de Deus não está sendo pregado como deveria e que, aparentemente, quando é pregado, as pessoas não estão entendendo. E não entendem por que não é exposta biblicamente, porque não existe uma sã doutrina (2Tm 4,3; Tg 1,9). Não se pode esperar profundas mudanças individuais e sociais, desde que não haja razão que exceda a ganância pessoal; enquanto o crente não for impelido pelo amor de Jesus Cristo e motivado a buscar primeiro seu reino e sua justiça, cada um estará pensando em como “aproveitar” Deus e a Igreja para construir “seu próprio reino”, falsificando a mensagem bíblica e minimizando a ética e moral cristãs.O absurdo desta situação vai num crescendo, e torna-se mais inquietante quanto mais se revela a bagunça criada. Um pesadelo acordado na verdade!

Nas últimas duas décadas vimos a desvalorização do ser humano, e ao longo desses anos, como a sensibilidade a outros seres humanos diminuiu. O mundo tem tolerado um nível muito alto de crueldade. É como uma inoculação no subconsciente, como se consentíssemos com essa violência e depois começássemos a praticá-la porque já estávamos acostumados. Os velhos grupos extremistas (religiosos ou não) voltaram e se tornaram uma infecção, uma doença novamente, e o valor da vida diminuiu e até alguns dos líderes tradicionais começaram a fazer certas coisas, porquê há um movimento dedicado à morte como forma de espiritualidade. A aberração tornou-se um hábito, como este “novo normal” do covid (eu odeio essa expressão), que se tornou moda:

“Ora, onde os parâmetros podem ser mudados para criar um outro apenas mais adequado a minha atual posição, além de uma rejeição ao anterior, cria também uma relação de valor entre os mesmos, e o uso dessa relação para inibir uma escolha visando privilegiar uma posição particular em detrimento da coletiva é relativismo. Moralmente, temos valores e regras que desde muito tempo vem sendo praticadas visando a sustentação das relações humanas, miná-las usando de um novo valor apenas para benefício de um contingente particular de indivíduos em detrimento de outros, depreciando e deteriorando a prática social e rebaixando-a à níveis irracionais e instintivos, fazendo da sociedade e suas relações um lugar onde só imperam o ceticismo, o medo, a indiferença e a imoralidade é relativismo ético da pior espécie. Este relativismo como prática é uma cobertura que não atende, é como usar uma peneira para tapar o sol, não normatiza, não normaliza a relação entre os indivíduos e entre estes e a divindade, porque banaliza o valor real de suas existências, cuja causa comum em nossos dias são os limites entre o que é legal e o que é moral e certo estarem cada dia mais imperceptíveis.”*

Os esforços teológicos de muitas igrejas, tanto protestantes quanto católicas, têm se concentrado nas aspirações egoístas de alguns líderes que concentraram poder religioso e riqueza econômica para si próprios às custas de seu rebanho. A teologia atual deve responder a essa visão materialista e secularista, novamente, com as verdades do reino de Deus. Poucos querem o reino de Deus porque não oferece muito, não é muito visível, exige muito e dá pouco, mas é o meio pelo qual Deus quis que os homens pudessem alcançar a justiça e a paz, pois o reino de Deus está, no primeiro lugar, espiritual, não material (Rm 14,17: “porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo”).


* https://oficinadopinduca.wordpress.com/2015/10/04/citacoes-que-nao-sao-obrigacoes-nao-deveriam-valer/amp/

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Devocionais para não devotos XXV

“Todos os dias quando acordo…” E não é que o “chato” do Renato Russo estava certíssimo? Não temos um tempo próprio além daquele em que estamos inseridos. Buscar viver só para si não produzirá uma instância particular, uma bolha espaço-tempo onde posso produzir e experimentar à vontade, ad aeternum, sem arcar com as consequências por mais que a ideia me seja agradável!

Amanheci sozinho, na cama um vazio, meu coração que se foi, sem dizer se voltava depois, sofrimento meu, não vou aguentar, se a mulher que eu nasci pra viver, não me quer mais. *

Hoje foi difícil acordar, viu? Ahhhh! Vocês já olharam a quantidade de gente criativa que existe no mundo unicamente para criar expectativas irrealizáveis nos outros? Na verdade, uma outra boa dica para hoje é que a parte que me falta é completada quando sou a minha parte primeiro e de mais alguém simultaneamente. Rapaz! Isso é completitude e alteridade pura! Para manter a memória acesa vou citar alguma coisa. Lá vai, uma de Albert Einstein:

A percepção do desconhecido é a mais fascinante das experiências. O homem que não tem os olhos abertos para o misterioso passará pela vida sem ver nada.

É a coisa mais misteriosa que existe: a verdade; não esta verdade relativa e adequada a mim, mas a absoluta. Isto porque se ela é mostrada todo dia, ela nos devasta, nos causa raiva, e é preciso ter calma para aceitá-la também. Nada feito com verdade dá certo no tempo errado. Por isso a mentira grassa, porque apesar do desgaste, mentir prolonga um pouco mais as relações até o inescapável ponto de ruptura. Mais uma citação para vocês:

“Porque a verdade gera o ódio? Por que é que os homens têm como inimigo aquele que prega a verdade, se amam a vida feliz, que não é mais que a alegria vinda da verdade (gaudium de veritate)? Talvez por amarem de tal modo a verdade que todos os que amam outra coisa querem que o que amam sejam verdade. Como não querem ser enganados, não se querem convencer de que estão no erro. Assim, odeiam a verdade, por causa daquilo que amam em vez da verdade. Amam-na quando os ilumina, e odeiam-na quando os repreende.” (Sto. Agostinho, Confissões, Livro X, 23, 34)

É por isso que perdemos tempo demais olhando os bastidores da vida alheia quando deveríamos estar protagonizando a própria (e tão efêmera!) existência? Quando deveríamos viver uma vida real plena de excelência estamos existindo apenas em conformidade com as “necessidades” de ajustamento ao senso comum e midiático desses tempos pós-modernos, e, pior ainda, estamos moldando nossos jardins de maneira a ter o tom da grama do vizinho, que como todos sabem, é sempre mais verde! Parece que existimos para estar sempre em busca de um sentido, sentido este que na prática seria ordenador, entretanto não o queremos assim, pois gostamos mesmo é de olhar o mundo através de telas e janelas eletrônicas, onde preferimos curtir sem realizar, podemos julgar sem experimentar ou entender, onde a maior janela está diante de nós oferecendo ação in loco e uma oportunidade de exercermos nossa personalidade, de manifestarmos um caráter capaz de influenciar, buscar o bem, praticar uma virtude, ser aprimorado, mas que é ignorado e rejeitado por uma causa simples: Não queremos perder tempo de jeito nenhum. Nem mesmo para pensar. Fazer escolhas? Muito menos. Queremos o gabarito da vida porque não queremos ficar de fora e um clique não custa nada. Então viva os layouts prontos! Copiemos o modelo social de sucesso! Hashtag Somos todos default. Não se preocupe com sua essência foque na aparência, naquilo que é mais confortável. Mas como seria viver se parássemos um pouco para pensar sobre o assunto? (Podem dizer que a cafeína me deixou prolixo também, tudo bem.)

Talvez para fugir disso você tenha que vencer por excelência da verdade, que é o seu esforço para se adequar a um pensamento maior ou melhor que o seu, devendo com isso chamar para si a responsabilidade pertencente a todo indivíduo livre, para poder ver o problema de forma honesta e pensar soluções sendo corajosos. O famoso “dê o melhor de si sempre e cresça”. Porque se você é um sonhador, você é um lutador também! Saiba de uma coisa, se você não desistir será a cada dia melhorado. Quem sonha, quem acredita e quem luta sabe fazer acontecer, e faz acontecer! E mesmo com medo segue em frente, porque quando o medo bate, vai com medo mesmo assim. Mas lembre-se disso: se você colocar muitas expectativas nas coisas e elas não fluírem, você acabará tomando decisões erradas apenas para poder suprir essas expectativas! Cuidado com esta atitude equivocada!

“Quando tudo nos parece dar errado acontecem coisas boas que não teriam acontecido se tudo tivesse dado certo”. O redundante Renato Russo de novo!

*https://www.vagalume.com.br/roupa-nova/volta-pra-mim.html

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Devocionais para não devotos XXIV

Seu modo de enxergar a vida molda sua vida.
Por isso, um rápido mergulho nos relacionamentos e mal-entendidos modernos nos fala de sentimentos atávicos a qualquer ser humano, cujos desejos e apreensões são os mesmos, e acaba nos forçando ver que o que governa as tensões da sociedade, no fim das contas, é o eterno choque entre Eros e Thanatos.
Por isso aconselho a você, jovem ou não, leitor, que escreva, perca, quebre, tente e responda: “Eu não sei”. Vá para os estágios passados, ame, resista, cante uma música. Pegue o trem, diga a verdade a todos, fique em casa longe da festa, alimente outros (pode ser com comida ou inspiração). Ande de bicicleta com os braços levantados, incline-se para fora da janela, uive na escuridão e encontre paz na fome. Viva a vida contra a corrente, sem arriscar sua vida, mas também sem arriscar viver com a falta dela. Morra completamente exausto de tanto viver…
Apenas leve em consideração uma coisa: para os estóicos, a felicidade não depende de coisas externas que nos dão prazer ou nos tira o sono. Simplesmente porque não podemos controlar o que é externo, o que não está ao nosso alcance. Essa busca por controlar algo além de nossos pensamentos e atitudes é a causa de muitas dores, ansiedade e expectativas frustradas.
Em outras palavras, por mais paradoxal que pareça, a felicidade está na aceitação de dores e dificuldades que inevitavelmente nos afetarão. É o famoso “Aceita que dói menos”. Muitos vêem essa postura como fatalismo ou conformismo, mas os verdadeiros estóicos dirão que é resiliência diante das dificuldades.
Como cristão, eu ainda acrescento: tome cuidado para que a sua visão de mundo não esteja baseada em uma metáfora falsa, que você tenha recebido de alguma fonte falível. Metáfora de vida é aquela figura que lhe vem à mente quando você imagina seu modo de viver, seu destino daqui para frente. Óbvio que terá que contestar o pensamento convencional e secular, substituindo pelas metáforas cristãs e bíblicas da vida, se realmente quiser, siga este conselho bíblico:
“Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus as transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim, vocês conhecerão a vontade de Deus…*

Então, desejo que você viva o suficiente para olhar para trás, irreconhecivelmente. Que os cheiros de sua juventude – o pão com manteiga, os livros antigos, o oceano visto pela primeira vez – não o transportem mais. Quero para você algo especial em seus últimos anos, algo único; uma revelação.
Para você, juventude remanescente, admiração geral, nova emoção – esse é o tipo de velhice que espero. Que a pequena semente do seu belo começo permaneça em todas as maneiras de como você sorri para tudo novo – mas nada mais. Que todos possamos sobreviver aos nossos ‘passados’.
Os anos passam rapidamente e nos levam a lugares diferentes. Por exemplo, nestes últimos dias passei um longo período sabático forçado pela pandemia. Afastei-me de tudo e todos, encontrando uma colônia de viagens e um baú de fantasias para descansar. Deixei minha mente vagar, para Portugal, Algarve, Berlim, Londres… Eu podia sentir isso na base da minha espinha. Aprendi a relaxar e tirar da cabeça o que é desnecessário. Voltei para casa e acariciei meu filho, alimentei o cachorro e pensei sobre os limites da vida. Não sei mais onde é… mas como tudo hoje é tão fluido, voltei a apreciar o cheiro de café moído e churrasco com os familiares e amigos, sinto-me satisfeito, tirando fotos, caindo, lutando para viver e manifestar a minha gratidão. Hoje me sinto bem lá ou cá. Mas nunca esqueço: tudo na vida é um teste.

  • Warren, Rick. Você não está aqui por acaso. Tradução James Monteiro, São Paulo, Editora Vida, 2005.
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Devocionais para não devotos XXIII

Sonhei que mantendo meus braços rígidos e empurrando com força, poderia me suspender alguns metros acima do solo. Eu poderia voar! Acho que a questão mais importante ali não era tanto porquê, mas como. E ouvi: ‘Então eu digo, ande pelo Espírito, e você não vai satisfazer os desejos da carne’. Bati as asas com mais força e logo estava voando sem esforço sobre as árvores e postes de telefone! Um espírito livre? Um pássaro?
Enquanto todos ficaram surpresos e correram sob mim quando atingi certa estabilidade no voo, mais uma ideia despertou: uma perspectiva negativa nunca pode levar a uma vida positiva! Para isso, cada um tem sua própria resposta… mas uma perspectiva espiritual pode nos levar a uma vida mais próxima do padrão bíblico. Podemos escolher agir sobre ela ou, ao contrário, evitar cruzar a barreira da fantasia?
Viktor Frankl, sobrevivente do Holocausto e psiquiatra, diz que o indivíduo precisa encontrar sentido no sofrimento (o ensino cristão, por exemplo, é claro ao dizer que viver é estar aflito). E se você não pode mudar o mundo, mude a si mesmo. Falta-nos a clareza do significado potencial do que podemos realizar em nossa existência, e aqui está o nó da coisa! Essa incapacidade de dar sentido à vida leva as pessoas a se tornarem presas fáceis nos labirintos de neuroses e outros fantasmas, como depressão e drogas. É preciso pensar em como mudar as crenças pessoais, buscar uma nova forma de ressignificar os sentidos e a própria existência. Porque morrer é fácil. Enfrentar a vida e todas as bobagens que a rodeiam é o mais difícil.
Cruzei meus braços para trás e voei baixo sobre a vizinhança. Disparei tão rápido que meus olhos lacrimejaram com o vento. Eu ri e ri, fazendo voltas enormes no céu!
E comecei a pensar, como adultos, muitas vezes temos que aprender a ouvir a clareza do chamado: É inverno. É o momento de aceitação ativa da tristeza. E não importa por que sentimos ou desejamos, o importante é o que fazemos com isso, como o vivenciamos, como chegamos a nos acalmar com a tristeza que podemos sentir.
Desde a infância, somos ensinados a ignorar a tristeza, a enfiá-la em nossas mochilas e a pretender que ela não esteja lá. Mas ignoramos que precisaremos carregá-lo por toda a vida também!
Estava ruminando esta ideia quando o celular me acordou e mostrou que eu iria perder o ônibus se não saísse da cama; 20 minutos depois, lá estou eu, parado na chuva fria, esperando para ir para o trabalho, e acabando de lembrar que tinha esquecido minha máscara.
Definitivamente, o que você pensa (sobre o mundo) não é o que você ganha… a coragem de encarar as piores partes de nossa experiência e nos comprometer a curá-las o melhor que pudermos, é o que ganharemos. Na verdade, o inverno é um momento de intuição, cuja necessidade real é sentida agudamente em nossa alma quando ele chega.

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Devocionais para não devotos XXII

Mesmo quando o corpo pede um pouco mais de alma, a vida não para.


Com o mundo girando cada vez mais rápido, não nos resta muita coisa a não ser fazer escolhas que possam permitir, ao menos por alguns momentos, um pouco de tranquilidade. Algumas pessoas são pragmáticas, aceitando as coisas à medida que vão surgindo e tirando o melhor proveito das escolhas disponíveis. Algumas pessoas são idealistas, defendendo princípios e se recusando a transigir. E algumas pessoas agem por capricho baseadas naquilo que passa por suas cabeças. Por isso mesmo, todas as pessoas, cristãs ou não, tem que decidir uma questão importante sobre si mesmo: se o seu padrão de valores será baseado na opinião que as pessoas fazem da sua aparência, herança social e cultural, tipo de amigos, objetivos, etc. Ou na opinião de Deus sobre estas mesmas coisas. É quando se faz necessário perguntar: você pertence a si mesmo (você é o mesmo quando ninguém te olha ou vê) e a essência da vida que possui (pertence de corpo e alma ao que se propõe fazer)? Pertencer, psicologicamente falando, é criar laços indissolúveis consigo mesmo. Dominar suas emoções estando comprometido com Deus, no caso cristão, é entender que uma opinião sobre si mesmo é muito menos importante do que a opinião de Deus sobre nós, que uma auto avaliação precisa é derivada da avaliação de Deus. Porque uma verdadeira identidade cristã tem Deus como referência. Depois de aceitarmos isto, ficará mais fácil cuidar melhor das relações e interações que fazemos. Deus diz:


“Pois os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês, nem os seus caminhos são os meus caminhos”, declara o Senhor. Assim como os céus são mais altos do que a terra, também os meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos e os meus pensamentos mais altos do que os seus pensamentos”.Isaías 55:8-9


Aqui temos uma ênfase ao fato de que as inclinações e estruturas de pensamento humanas, relativas a vida e a relacionamentos-chave, e que são naturais no homem, podem estar contrariando os pensamentos de Deus e o modo como Ele quer que vivamos.  Também fala sobre as dificuldades envolvidas em romper com o estabelecido, o quanto a fé e a paixão podem ser poderosas para fazer uma mudança pessoal no meio de uma sociedade.

Geração após geração, corremos o risco de esquecer quem Deus é e quem nós somos. O filosofo Kant até escreveu: “A tutela é a incapacidade de usar o próprio entendimento sem a orientação de ninguém”. O cristão precisa da tutela do Espírito Santo em toda a sua vida cristã. Que fique esclarecido de uma vez por todas: O homem não possui recursos que possam oferecer solução permanente para os seus problemas. A razão não pode solucionar todos os problemas humanos de maneira definitiva, motivo pelo qual inevitavelmente surgem contradições na filosofia e na teologia. Além disso, o ser humano tem uma tendência natural para abandonar um ponto de vista simples e mais tradicional quando vai em busca de resolver suas questões e solucionar os seus problemas, e acaba envolvendo-se em muitas confusões existenciais e morais por causa disso. Quando um ponto de vista único é abandonado, toda a perspectiva se fragmenta em múltiplas visualizações que acabam fornecendo  informações em excesso. Daí em diante, a sensação de desencaixe e desorganização aumenta rapidamente, fazendo este individuo iniciar um processo de eliminação ou redução das muitas perspectivas, exceto uma, aquela que seja mais confortável e de acordo com a sua vontade e desejos, para fazer o mundo voltar a uma ordem reconhecível. Mas confiar na capacidade da mente de criar para si mesma uma visão racional viável, pode nos mostrar a impossibilidade de escaparmos de nossa própria mente caso ela esteja errada. Afinal, todas as nossas ideias são, essencialmente, subjetivas e interpretativas. Em nossa limitação de pensamentos, quase nunca imaginamos que os projetos de Deus para o nosso futuro são grandes. Nestes dias em que todas as verdades ditas são consideradas pelo menos relativas, se não meramente pessoais, todos os dias temos uma oportunidade de rever conceitos, de fazer algo bom por nós. O problema é como verificar a verdade de Deus, sem cair no erro de definir a verdade com base na tradição ou em nosso próprio entendimento daquilo que achamos que ela seja.

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Devocionais para não devotos XXI

“Porque paz é movimento criativo, viver a boa luta é se renovar a cada instante, insistentemente. O oposto de paz não é guerra, como somos levados a pensar corriqueiramente. O oposto de paz é estagnação! Precisamos de movimento, de um contínuo ir em frente. Dia após dia, estação após estação.”

“Gostei muito da sua definição de paz porque sempre vi de outra maneira”, alguém me disse outro dia, “porque se você parar para pensar, a definição de paz é subjetiva ao indivíduo”. Sim, é subjetivo e a gente entrega demais para o outro; porque estamos sempre a procura de pacificadores quando deveríamos ser os promotores da nossa paz. No fundo, ela depende do comprometimento unânime, sincero e sustentado das pessoas. Cada um de nós, independentemente da idade, do sexo, do estrato social, crença religiosa ou origem cultural é chamado à criação de um mundo pacificado*.

Apesar do ser humano adorar um embate, buscar o conflito com ele mesmo  ou confrontar o outro todo tempo, parece que só envelhecendo aprenderemos a escolher nossas lutas e a fugir dos conflitos desnecessários. Hoje em dia, por exemplo, a esperança de paz exige uma luta contra os algoritmos da raiva nas redes sociais, além das emoções primitivas tentando fazer nosso cérebro ‘catastrofizar’ tudo. Estamos programados para verificar constantemente as ameaças. É uma característica que nos manteve vivos na época dos caçadores-coletores, mas agora pode ter o efeito oposto. Aprendemos que a raiva se espalha mais rápido online do que a alegria e a indignação é contagiante.

Precisamos encontrar a paz e vivê-la, e um dos primeiros passos neste sentido refere-se à gestão de conflitos. Ou seja, prevenir os conflitos potencialmente violentos e reconstruir a paz e a confiança entre as pessoas é algo que precisa ser considerado urgente. Tal missão estende-se à todo o mundo porque o conflito é um processo natural e necessário em toda sociedade humana, é uma das forças motivadoras da mudança social e um elemento criativo essencial nas relações humanas, paz não é algo para aqueles sem uma causa. Nessa época de pessoas atormentadas por pesadelos, por frustrações e sonhos desfeitos, manter a paz é fundamental para não cair nas armadilhas da depressão. Afinal, ciúmes, decepções, mal-entendidos, rejeições do certo em favor do errado, problemas familiares, luto doméstico, corações partidos e mortes repentinas nos encontram desde sempre.

Tenho uma filha adulta com transtorno de ansiedade generalizada em tratamento, que costumava ter crises de ansiedade até por conta da lição de casa da faculdade. Mas no dia em que teve que trabalhar de madrugada, fazer um trabalho, dormir duas horas e ir para São Paulo resolver coisas do trabalho, precisou achar uma maneira de pacificar sua alma e aprender resiliência para não deixar nem por um segundo suas emoções saírem do seu controle.  Seguiu em frente, seguiu o fluxo. Como ela mesma diz, “a minha paz acontece quando as  coisas estão acontecendo, quando há movimento”.

Paz por estar a caminho significa que a felicidade está sendo encontrada no processo, e não no produto final. Mas isso depende da narrativa de cada um, tenho visto pessoas que ficam em paz na inércia, e aqueles outros em paz no movimento, quando as coisas acontecem e estas pessoas podem acompanhar o fluxo, pois é o que sustenta todo o seu propósito pessoal. Mas toda progressão exige de você um esforço, controle, impulso, afinal, a ideia de moto-contínuo é uma hipótese apenas; e porque todo movimento precisa enfrentar o efeito de cessar, para permanecer em paz você vai precisar estar/chegar onde precisa ou, estar sempre á caminho, sempre motivado a encontrar e permanecer. Acredito que por isso seja tão mais fácil fazer a guerra ás vezes… Viver a vida é representar um papel em uma jornada narrativa que aspira a uma certa unidade ou coerência. É também um teste para poucos.


* Clara, I. S. & Silva, M. M. (2000). Por uma pedagogia para a não violência. Porto: Profedições,4.

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Como o Evangelho ofende a nossa cultura antropocêntrica?

“Quando Cristo disse, na sala de julgamento de Herodes, as notáveis palavras “Eu sou um rei”, Ele pronunciou um sentimento carregado de poder e dignidade indescritíveis. (…) Aquela coroa de espinhos era, de fato, o diadema de um império; aquele manto de púrpura era a insígnia de realeza; aquele caniço frágil era o símbolo de poder irrestrito; e aquela cruz, o trono de domínio que nunca acabará”1

Por isso, a maior ofensa do Evangelho não é nenhuma de suas implicações sócio culturais: o que ele implica para o debate sobre o aborto ou o casamento homoafetivo. A maior ofensa do Evangelho é o próprio Evangelho. Ele nos confronta com três verdades que ninguém gosta de ouvir:

– Existe um Deus e não é você! Ele é o Criador de todas as coisas e todo sentido e significado procede dEle, não da sua cabeça. Você pode não gostar, mas vive no mundo dEle e não pode fazer só o que dá na sua cabecinha.

– Todos pecaram e carecem da glória de Deus. Sim, todos, inclusive você. Você pode achar que não, mas não é diferente daqueles que costuma colocar do outro lado – seja que outro lado for esse. Na verdade, em relação a nós, a cruz mostra que somos pecadores, miseráveis, insuficientes, falhos, os piores, imerecedores (Ef 2:1). Pois, a realidade é que nós deveríamos estar ali e não Jesus (Is 53:4-5). Não há valor em nós e o valor que temos é de Cristo, não nosso (Is 64:6/Hb4:15). No fundo, somos todos farinha do mesmo saco.

– Existe apenas um caminho para a salvação, apenas um nome pelo qual importa que sejamos salvos: o de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Ou Ele resgata você, ou você permanecerá perdido apesar de todas as suas tentativas. A cruz não mostra o nosso valor, pois a cruz não serve para nos exaltar. A cruz mostra o grande amor de Cristo por nós, no caso sem valor. A cruz exalta e glorifica Cristo (Fp 2:6-11).

Sim, o Evangelho é exclusivista. Um reino será estabelecido ao final e todo mundo terá que se submeter a Cristo. Não é de se espantar que, vez após outra, tentemos redefinir alguns aspectos dessa mensagem, dando origem a outros evangelhos. Isso, porém, é uma grande tolice. A principal manifestação satânica e do mal desta era é religiosa; é a cegueira em relação ao evangelho de Jesus Cristo. Por que o Evangelho que ofende é também o único que redime.
Dessa maneira, a cruz nos mostra que não a merecemos, mas que ao mesmo tempo a necessitamos todos os dias. A cruz é o começo de todos que Nele creem e o fim de todos os que a Ele seguem. A Cruz é o grito de Deus para o mundo: “Você não pode salvar a si mesmo!” – Charles Spurgeon.

1. J. L. Reynolds, “Church Polity, of the Kingdom of Christ”, em Polity: Biblical Arguments on How to Conduct Church Life, ed. Mark Dever (Washington, DC: Center for Church reform, 2001), 298.

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Devocionais para não devotos XX

(…) Vocês são mortais, não há dúvida, porém o fato de que possam refletir com esse minúsculo cérebro sobre a eternidade ou sobre o passado e que dessa maneira, com o espaço limitado e o tempo limitado que lhes é dado, possam abranger espaço e tempo tão imensos, aí reside o mistério. – Cees Nooteboom.

Em nossa realidade centrada quase que exclusivamente no ser humano, as pessoas se veem como autoridade máxima. Sempre apressadas para reivindicar algo quando não podem desfrutar os direitos que julgam possuir pelo simples fato de serem… humanos. Estamos em um universo que não é mais o da disciplina coercitiva, mas o de uma máquina de estímulos, um sistema de tentações que diz sem parar “veja, isso é magnífico, bom, você gostará”.  Por isso, a partir de uma visão utilitarista, somos empurrados para agir sempre de forma a maximizar o bem-estar comum, nos acossam diariamente com packaging, publicidade, séries, filmes, destinos turísticos, música…

Caro leitor, já percebeu como o mundo fala mais alto e ligeiro, como se tentasse encaixar o maior número possível de palavras em um curto intervalo de tempo? É para que sua voz sobressaia as outras e suas ideias se imponham mais facilmente. Embora venha, do excesso de palavras, as promessas do tolo (Eclesiastes 5.3). É neste universo sedutor que encontramos as redes sociais como atraentes estrelas dos sistemas de “empacotamento” de ideias estimulantes. Onde toda narrativa tem se mostrado uma tentativa de construir algo novo e estimulante, a partir de alguma coisa além da verdade que contraria o senso comum de  felicidade, ao mesmo tempo que desconstrói fundamentos e princípios sólidos.

Mas é quando a nossa atenção se prende ao mundo a nossa volta que descobrimos: já estamos, e vivemos, em uma época cheia de pós-verdades (fatos objetivos x apelo às emoções), onde a intenção é infundir as coisas por meio de nossas próprias lentes modernas exclusivas, e fazer as coisas parecerem compreensíveis para todos, misturando sonhos, fantasias, memórias, reimaginando o mundo. Tomemos  por exemplo o Instagram (nada contra. Sou um usuário do app): não é a vida real e deveria ser, já que estamos preparando uns aos outros (e a nós mesmos) para falhar, removendo todo o ‘real’ de nossos feeds. Este ‘apagamento’ daquilo que é real leva a ressignificação de questões importantes. Por isso percebemos que estamos vivendo um tempo estranho e de muita ansiedade. Muitos de nós estão olhando ao redor e se perguntando “quem somos e o que estamos nos tornando? Ora, sejam bem vindos a hipermodernidade! Hora de acordar e perceber que estamos descontentes, não com o peso das circunstâncias, mas com o peso de nossas expectativas somente.

E haja ansiedade! Gilles Lipovetsky nos explica que tudo começou nos EUA, lá pelos anos 50, quando o capitalismo se entranhou no consumo de massa, e isso transformou os modos de vida. Desde então, falam de fun morality, de como o prazer e sua busca se tornaram legítimos, e a consequência disso é que pouco a pouco essa lógica de sedução e prazer tomou conta de tudo, da educação até a economia nada escapou. Nossos ideais hoje incluem viajar, comprar coisas de marca, nos distrairmos … Esta forma cultural, em que o mercado, a ética individualizante e o espírito do consumismo são erigidos como o modelo cognitivo e normativo da vida social não é de espantar, mas isso não está à altura de uma sociedade, mesmo humanista, que deve também se integrar a outros ideais que não sejam gostar das coisas pela aparência e ser seduzido pelas mercadorias. Se há uma espécie de precoce maturidade e independência neste processo, ainda assim há algo de incapacitante neste homem hiper ou pós-moderno, pois precisam sempre dar uma forma nova a tudo o que conhecem, colocando em um novo contexto. Mas ao rejeitar as regras antigas sem ter um padrão novo minimamente adequado, temos a sensação de estarmos mergulhados em uma vida desregrada, em um tipo de Antinomismo (anti ,contra e nomos , lei), cujas características são sempre as mesmas:

-Subjetividade: o indivíduo busca fazer o que considera certo, independentemente do que está determinado (1Rs. 11.6);

-Individualismo: o indivíduo age autonomamente, por conta própria, buscando para si o que é de seu interesse, sem se importar com as regras coletivas (Fp. 2.4);

-Relativismo: ignora as bases normativas (que diz como devemos agir) de valor que aprovam ou desaprovam os atos morais (Sl. 94.20-21);

-Irracionalismo: leva à ação impulsiva e emotiva, sem que sejam consideradas a consequências (2Sm. 11.2-5).

E se antes pertencíamos a um coletivo de trabalho, de bairro e de religião, e isso fornecia um amparo aos indivíduos que viviam em condições difíceis, dava-lhes uma espécie de segurança interior também. Hoje, apesar de termos muita liberdade, todos podemos mudar de profissão, de parceiros, de religião, de país, a vida privada é livre, entretanto, os indivíduos se tornaram extremamente frágeis psiquicamente, inconformados e insatisfeitos.

E como resultado, bem ruim eu diria, criou-se esta angustiante necessidade moderna de sermos tão interessantes ao ponto de seduzir o outro para receber sua aceitação, validando assim a nossa pretensa relevância.

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