“Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês fecham o reino dos céus diante dos homens! Vocês mesmos não entram nem deixam entrar os que estão prestes a entrar.
Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês percorrem terra e mar para fazer um convertido e, quando conseguem, o tornam duas vezes mais merecedor do inferno do que vocês.”
(Mateus 23:13, 15 NVI)
Mês passado, Aymeê Rocha não apenas cantou, transmitiu uma mensagem de reflexão e transformação com sua música “Evangelho de Fariseus”, onde ela abordou questões sociais e desafiou os ouvintes, cristãos ou não, a repensarem suas atitudes e prioridades. Sua música ecoou como um chamado à autenticidade e à verdade espiritual em meio a um mundo marcado pela superficialidade e comportamento amoral (“O reino virou negócio. O dízimo importa mais que os corações”). Caiu como uma bomba em área de civis.
Tornou-se persona non grata em alguns círculos evangélicos por causa disso, pois sua música denuncia o “farisaísmo gospel” atual, e ao ser apresentada publicamente acabou inflamando alguns corações mais conservadores, da ala dos sete mil que permanecem sem compactuar com o sistema atual.
Em contrapartida, também levou a ala progressista da Igreja evangélica brasileira a se posicionar defensivamente, alegando um ataque contra o corpo de Cristo e questionando a mesma por responsabilizar somente a igreja e isentar o governo de tomar providências contra os fatos denunciados.
Ora, a questão é simples: A igreja atual, muitas, não todas, tem esquecido quais são os valores imprescindíveis, aqueles todos baseados nos evangelhos, não valorizados aos seus olhos, que mais visualizam do que contemplam, por estarem presos dentro das tradições que foram condicionados a verem, dessas Igrejas e de si mesmos (“Evangelho de fariseus, que ostentam bens materiais, mas esquecem dos necessitados”).
Além de transigir com as causas políticas e sociais desta época tomando decisões que beneficiam apenas a si, desviando-se do verdadeiro caráter de Cristo, pois apesar de estarem andando pela estrada de Emaús, suponho, ao lado de Jesus, não o vêem, entendem ou buscam.
Entendo que as metáforas utilizadas na música são dificeis e as hipérboles consideradas pesadas, porém o objetivo é o de chamar a atenção para uma igreja que precisa começar admitir suas falhas e voltar ao primeiro amor. Nossas ações comprometem os outros. No entanto, a igreja que deveria salgar, pois é a testemunha de Cristo no mundo, o seu corpo visível que deveria manifestar-se com a verdade concretamente diante da sociedade, está enfermando.
“Fazemos campanhas pra nós mesmos
Eventos pra nós mesmos
Estocamos o maná para nós
Oramos por nós e pelos nossos”
Infelizmente, poucos entenderam que a música da Aymeê é um chamado para uma reflexão profunda sobre os valores que permeiam a sociedade e um alerta para a igreja contemporânea ensimesmada, que existindo antropocentricamente, está colocando a fé de seus discípulos em risco para defendê-la, este “levanta tu que dormes” então, é para não esquecerem que nos ensinamentos de Cristo temos todo o necessário para uma vida cristã honesta, santa e verdadeira (1Co. 13.4-8). Não veremos seres humanos imperfeitos, mesmo cristãos, atingirem o nível de perfeição proposto na Bíblia, ainda assim, devemos nos apropriar dela através da fé viva, um passo de cada vez, avançando sempre para o autor e consumador de nossa fé.
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